O turismo é a maior indústria mundial na geração de divisas, empregos e
recursos. Representa 13% dos gastos dos consumidores de todo o mundo.
Movimenta pessoas pelos mais variados motivos para os mais variados lugares.
Alguns países perceberam o potencial do turismo como gerador de emprego e renda.
Há tendências claras que projetam o turismo como uma das principais atividades
humanas deste século. O aumento do tempo livre, o barateamento do transporte
aéreo, a melhora do mercado turístico focalizada na preferência das pessoas, a
melhora nas tecnologias de comunicação, a conversão de elementos das localidades
para produtos turísticos, a diminuição do número de pessoas nas famílias, a
juvenilização dos mercados e outros tantos fatores propulsionaram essa
atividade.
O motivo das pessoas viajarem apenas foi estudado cientificamente após a Segunda
Guerra Mundial, quando o movimento turístico começou a ganhar força econômica e
a estrutura suas dimensões atuais. Na década de 50, as pesquisas apontavam o
prestígio social (status) como a motivação principal para as viagens turísticas,
demonstrado pela distância viajada, os cartões postais enviados e o bronzeado
apresentado na volta. Atualmente, este fator ainda aparece na motivação pelas
viagens turísticas, porém tem sido superado pela vital fuga do cotidiano,
entendida como compensação para o dia-a-dia vazio e cansativo.
O Brasil, eternamente chamado de país do futuro, precisa fazer acontecer. O
turismo em duas palavras nada mais é do que diferenças culturais. Será que
existe algum lugar com maior pluralismo de etnia, religião e cultura do que no
Brasil? Será que existe um povo mais hospitaleiro do que o brasileiro?
Que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços
para atendê-los bem. Temos que cultivar o autêntico, o que é local precisa ser
valorizado. Têm lugares hoje que são tão turistificados, ou seja, fabricados,
quem ficam sem nenhuma identidade local. Eles não têm referência para o turismo,
hoje todos os grandes hotéis se parecem com um aeroporto e os shoppings parecem
que são os mesmos em todos os lugares.
Reparem como o adolescente brasileiro de posses se veste identicamente ao
adolescente americano. Antes, queria-se fazer turismo no Brasil acreditando que
Deus era brasileiro, que o país era abençoado e bonito por natureza. E
descobrimos que precisávamos cuidar do saneamento básico, estradas, do
patrimônio histórico e capacitar pessoas. Só agora o governo começa, ainda com
atraso, a encarar o turismo como produto de exportação.
Em terras isentas de guerras, terrorismo, catástrofes e de inverno rigoroso,
litoral com mais de 5.000 Km de litoral com belas praias e clima tropical fazem
do Brasil um grande destino turístico que não é só o melhor no samba e no
futebol. Somos apenas o 30º destino turístico do mundo. Claro que sabemos do
imenso problema de insegurança (aliás os privilegiados se protegem com segurança
privada que já é muito maior que a segurança pública no Brasil), do problema de
educação necessitar de tempo para sentir reflexos, de possuir uma das piores
distribuições de renda do mundo, de saber que 80% (segundo a OMT) das viagens de
curta distância e não termos vizinhos tão prósperos como os países da Europa
mas, não justifica termos apenas 1% do PIB representado pelo turismo enquanto na
Argentina isto representa 11% e 10% do PIB mundial, temos ou não potencial para
melhorar isto? Lembram-se do repugnante preconceito que havia do Nordeste,
diziam pejorativamente sobre aquela cor era baiana ou aquela roupa de paraíba!
Baiano e Paraíba com orgulho sim senhor. O nordeste brasileiro se apresenta com
os melhores potenciais de desenvolvimento além do seu povo maravilhoso. São 7
novos aeroportos, novos complexos hoteleiros, 25 mil metros quadrados de
patrimônio histórico restaurado, são quase U$ 6 bilhões de dólares apenas nos
últimos anos. Quantas pessoas você já ouviu dizer que sonha morar em alguma
cidade do Nordeste? Sim, podemos transformar o Brasil!
Será que teremos um planejamento vitorioso como foi o projeto para Cancun ou dos
parques temáticos americanos ou até mesmo pautado nos exemplos dos shoppings no
Brasil que não param de multiplicar. Os pólos turísticos brasileiros mais
conhecidos como o Rio de Janeiro e Bahia são menos visitados que Cancun, que
vinte anos atrás não estava nem no mapa.
Normalmente os planejadores não querem ouvir, e as respostas são simples, pois é
a própria comunidade local que sabe a solução. Exemplificando, será o pescador
que saberá do clima, das marés, da reprodução do peixes por épocas do ano, etc.
Nossos serviços têm melhorado muito, mas ainda estamos aquém das necessidades de
uma boa qualificação nos sistemas receptivos e, no Brasil ainda pagamos as mais
caras tarifas de transporte aéreo do mundo.
Somos 170 milhões de brasileiros, mas apenas trinta milhões fazem turismo e
ainda 80% destes só fazem em apenas duas épocas do ano que são nas férias
escolares. Precisamos desconcentrar o fluxo turístico.
Há muito está no Congresso Nacional uma proposta de alteração na Lei de
Diretrizes Básicas de Ensino (LDB) que propõe as férias repartidas onde,
resumidamente, os estudantes teriam uma semana de férias por mês o que reduziria
a sazonalidade dos destinos turísticos, além das maiores chances da família
estar junto nas férias, do empresário dividir o pagamento das férias, do décimo
terceiro e o funcionário ter também o imposto de renda descontado em parcelas.
Outro dado importante é que apesar do crescimento , os vôos charter equivalem a
apenas 7% do total do Brasil. Na Europa, 56% do movimento aéreo é feito com vôos
fretados e nos EUA 40%.
Antigamente o governo acreditava que um país forte só precisaria de uma grande
economia e de crescimento. Chegou-se a oitava economia mas também com a pior
distribuição de renda do mundo. Hoje existe o discernimento que um país forte é
aquele que é desenvolvido economicamente, não é só ter um grande PIB (Produto
Interno Bruto) ele precisa ter um PIB per capita (a riqueza distribuída na
população). Aí está a justificativa dos grandes investimentos do governo nos
últimos anos na promoção do turismo, além das
condições naturais e climáticas extremamente propícias e à sua imensa capacidade
empregadora e distribuidora de renda fazem do turismo e das pequenas e médias
empresas o importante papel da distribuição de renda no país.